segunda-feira, 2 de julho de 2012

ARSACES DO PONTO ( 37 a.C.)

Rainha Dínamis do Bósforo:
irmã de Arsaces
Arsaces do Ponto (viveu no primeiro século a.C.) foi um rei do reino de Ponto. Ele era um monarca iraniano e grego de ascendência macedônica. Arsaces era o segundo filho varão e filho mais novo do rei do Ponto Fárnaces II (63-47 a.C.) com sua esposa de origem sármata. Desde 107 a.C. o reino do Bósforo Cimeriano (nas atuais penínsulas da Crimeia e de Taman) fora incorporado ao reino do Ponto. Os sármatas eram uma tribo de origem iraniana (assim como os persas) e estavam muito relacionados aos citas. Eles viviam nas estepes do Mar Negro e ao redor do reino do Bósforo. Possivelmente o casamento de Fárnaces com uma princesa sármata visou garantir uma aliança entre os bosforanos e os sármatas. Da união com a princesa sármata Fárnaces teve três filhos: Dario, Dínamis e Arsaces. Dínamis veio a governar o Bósforo Cimeriano. Dario e Arsaces ficaram ligados ao reino do Ponto. Seus avós paternos eram Mitrídates VI, o Grande, e sua primeira esposa e sua irmã Laodice. Arsaces nasceu e foi criado no Reino do Ponto e no Reino Bosforano.
Marco Antônio
Após a derrota de Farnaces II para os romanos, o Reino do Ponto foi dividio: parte ficou com a província da Bitínia (província da Bitínia e do Ponto) e parte com o Reino da Galácia (Ponto Galático). E assim foi de 47 a 39 a.C. Enquanto isso o mundo romano vivia uma segunda guerra civil após a morte de César (44 a.C.): César Otávio (o futuro imperador Augusto) e Marco Antônio enfrentavam as forças de Bruto e Cássio pelo controle da República Romana. A batalha decisiva se deu em 42 quando as forças de Otavaino e Antônio triunfaram sobre as de Bruto e Cássio na Batalha de Filipos (42 a.C.). Por ter permanecido fiel a Antônio e ter contribuído para a vitória em Filipos, Dario, filho de Fárnaces II, recebeu em 39 a.C. parte do antigo território do Ponto, o Ponto Galático, onde governou como rei cliente de Roma até 37 quando morreu ou foi deposto. De acordo com Estrabão, Arsaces e Dario foram guardados por um chefe rebelde também chamado Arsaces por um tempo, quando ele manteve uma fortaleza que foi assediada por Polemon I e Licomedes de Comana. Em 37 a.C Dario tinha morrido (ou sido deposto) e Arsaces sucedeu seu irmão como rei de Ponto. Ele foi feito Rei pelo triúnviro romano Marco Antônio. De acordo com o relato de Estrabão, em seu breve reinado de Arsaces procurou agir como se não fosse um mero títere de Roma ostentando atitudes de soberania e independência. Seu reinado como o rei foi curto: Arsaces morreu em 37 a.C. ou talvez até mesmo em 36 a.C. Marco Antônio colocou no trono do Ponto como sucessor dos Arsaces, Polemon I. Com a morte de Ársaces se extinguiu o último monarca do Ponto de origem pôntica e da dinastia fundadora. 

 FONTES: http://en.wikipedia.org/wiki/Arsaces_of_Pontus

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

POLEMON II (38-64)

Marco Antônio Polemon Pitodoro, também conhecido como Polemon II do Ponto, e Polemon da Cilícia foi príncipe e o último rei do Ponto, Cólquida e Cilícia. Era filho do Rei Polemon I e da Rainha Pitodoris e era bisneto de Marco Antônio sendo seu único descendente masculino conhecido que traz o seu nome. Por ser descendente de Antônio, Polemon II era aparentado com o cônsul romano Quinto Hatério Antonino, com a Rainha Cleópatra Selene II da Mauritânia e seus filhos o Rei Ptolomeu e a princesa Drusila da Mauritânia; foi também primo distante dos imperadores romanos Calígula, Cláudio e Nero e das imperatrizes Valéria Messalina, Agripina, a Jovem, e Cláudia Otávia. O imperador romano Calígula quis reunir o reino de Ponto e o reino do Bósforo, sob a tutela do rei Polemon II. Porém, os bosforanos se revoltaram, não querendo um rei estrangeiro. Isso levou o imperador Cláudio (41-54), o sucessor de Calígula, a renunciar ao projeto de reunificação. Polemon II decidiu atacar o Bósforo, mas sua ação foi neutralizada por Roma e Mitrídates III foi confirmado no trono bosforano. Em troca, Polemon recebeu a região da Cilícia, no sul da Ásia Menor. Abaixo moeda do reinado de Polemon II.


Entre 17 e 38, Marco Polemon viveu como nobre cidadão pôntico assistindo sua mãe na administração de seus domínios. Quando da morte dela, ele a sucedeu como rei do Ponto, Cólquida e Cilícia. Aproximadamente em 50, Polemon foi atraído pela prosperidade e beleza da princesa judia Júlia Berenice com quem quis casar-se. Berenice também quis casar-se com Polemon II para terminar com os rumores que ela e seu irmão Herodes Agripa II cometiam incesto, repararando assim a sua reputação. Polemon encontrou Berenice em Tiberíades durante uma visita ao Rei Agripa I. Berenice era viúva de seu tio paternal, Herodes de Cálcis, de quem teve dois filhos: Bereniciano e Hircano. Polemon aceitou casar-se com Berenice sob a condição de adotar o Judaísmo como religião, o que incluiu sua circuncisão. Depois Polemon casou-se com Berenice e tornando-se padrasto de seus filhos. O matrimônio entre Polemon e Berenice não durou muito e foi dissolvido. Berenice deixou o Ponto com seus filhos e voltou a corte de seu irmão na Judéia. Polemon abandonou o Judaísmo e, segundo a Lenda do Apóstolo Bartolomeu, ele aceitou o cristianismo, mas tornou-se pagão novamente. Polemon renomeou a cidade de Fanizan (nome da filha de Farnaces II) e chamou a cidade em referência a si mesmo: Polemonion (atual Fatsa na Turquia). Em 62, o imperador Nero induziu Polemon a abdicar do trono do Ponto e da Cólquida, os quais tornaram-se províncias romanas. De 62 até a sua morte, Polemon só governou a Cilícia. O Polemon nunca se casou novamente e não teve filhos. Abaixo moeda que traz as efígies de Polemon II (esquerda)e Nero (direita.)

Em 69, estourou uma revolta anti-romana mal sucedida no Ponto liderada por Aniceto. Outrora um liberto do Rei Polemon II, Aniceto comandou a esquadra real até que o Ponto fosse convertido em uma província romana sob Nero. Durante a guerra civil depois da morte de Nero, Aniceto juntou-se ao concorrente imperial Vitélio e conduziu uma insurreição geral contra Vespasiano no Ponto e na Cólquida. Os rebeldes destruíram a frota romana (Classis Pontica) em um ataque súbito em Trapezo e logo entregaram-se à pirataria usando um tipo do barco conhecido como camarae. A revolta foi, contudo, suprimida pelos reforços romanos sob Vírdio Gemino, um tenente de Vespasiano. Aprisionado na boca do rio Cohibus (agora rio Khobi localizado na Geórgia ocidental), Aniceto foi entregue aos Romanos por membros de tribos locais e morto. Quando da abdicação forçada de Polemon no ano 62, Nero dividiu o país em três províncias: Ponto Galático, a oeste; Ponto Polemoníaco, no centro; e Ponto Capadócio, a leste. Em 295, Diocleciano estabeleceu quatro províncias: Paflagônia, Diosponto, Ponto Polemaníaco, e Arménia Menor. Severo Alexandre uniu-o à Galácia numa só província, desde 248 até 279. No início do século IV, voltou ao sistema de duas províncias: Diosponto e Ponto Polemaníaco, permanecendo assim até ao Império Bizantino.
Abaixo, a evolução do Reino do Ponto de Fárnaces I (183 a.C.) até a queda de Mitrídates VI, o Grande (63 a.C.)
Abaixo o Ponto nos dias do Imperador Diocleciano (início do século IV).



FONTE: Wikipédia. Versão em inglês.

RAINHA PITODORIS (8 a.C – 38 d.C.)

Pitodoris do Ponto (30 a.C. ou 29 BC – 38 d.C.) foi rainha sobre o Ponto, o Bósforo e a Capadócia sendo, no entanto, uma soberana cliente de Roma.
Pitodoris também é conhecida como Pitodoris I, Pitodorida e Pantos Pitodorida. Segundo uma inscrição honorífica ( imagem abaixo) dedicada a ela em Atenas na Grécia do final do 1º século a.C., o seu título real foi a ΒΑΣΙΛΙΣΣΑ ΠΥΘΟΔΩΡΙΔΑ ΦΙΛΟΜΗΤΟΡΑ, isto é, Rainha Pitodorida Filometor. Filometor significa “aquela que ama a mãe”.


Pitodoris nasceu e cresceu em Esmirna (a moderna Izmir na Turquia). Era filha única de Pitodoro de Trales e Antonia sendo seus avós Marco Antônio, o triúnviro romano que “restaurou” a monarquia do Ponto, e Antonia Híbrida Menor. Pitodoro de Trales era um rico grego anatólico e amigo antigo de Pompeu, o grande general que derrotou Mitrídates VI Eupátor do Ponto.
Aproximadamente em 14 a.C., Pitodoris casou-se com o Rei Polemon do Ponto tornando-se assim a rainha do Ponto e do Reino do Bósforo quando de seu enlace matrimonial. Polemon era viúvo e de sua primeira esposa não teve filhos, exceto um enteado. Pitodoris e Polemon tiveram dois filhos e uma filha, que foram:
Zenon, também conhecido como Zeno-Artaxias ou Artaxias III, rei da Armênia; Marco Antônio Polemon Pitodoro, que reinou no Ponto como Polemon II, e Antônia Trifena que reinou na Trácia com Cotis VIII.
Quando Polemon morreu em 8 a.C., Pitodoris tornou-se a única rainha do Ponto até a sua morte. Pitodoris foi capaz de conservar a Cólquida, mas não o Reino do Bósforo, cujo enteado de seu marido, Tibério Júlio Aspurgo, assumiu.
Posteriormente Pitodoris casou-se com o Rei Arquelau da Capadócia, mas não tiveram filhos. Por seus matrimônios, ela era rainha do Ponto e da Capadócia, mas tutelada por Roma. Pitodoris mudou-se com seus filhos do Ponto à Capadócia para viver com Arquelau. Quando Arquelau morreu em 17, a Capadócia tornou-se uma província romana e ela voltou com a sua família para o Ponto.
Em anos posteriores, Polemon II assistiu sua mãe na administração da monarquia. Quando Pitodoris morreu, Polemon II sucedeu-a. Pitodoris foi amiga e contemporânea do célebre geógrafo grego Estrabão, o qual a descreveu como uma mulher de caráter virtuoso e com uma grande capacidade para os negócios e considerou que sob o reinado de Pitadoris o Ponto teve um momento de florescimento.

FONTE: Wikipédia. Versões em inglês e francês.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

POLEMON I (38-8 a.C.)

Polemon Pitodoro é mais conhecido como Polemon I do Ponto (60-8 a.C.). Foi rei do Ponto de 38 a 8 a.C., rei da Armênia Menor (Sofene) de 33 a 30 a.C., e rei do Bósforo de 14–8 a.C. Na realidade foi um rei cliente de Roma que expandiu e manteve seu “reinado” às custas de apoio à política romana no Oriente. Acima moeda com a efígie de Polemon I como rei do Bósforo.
Polemon era filho de Zenão, aristocrata e famoso orador de Laodicéia da Cária, com, possivelmente, uma mulher chamada Trifena. Quando os exércitos dos partos liderados pelo romano foragido Quinto Labieno e pelo Rei Pacoro I invadiram a Síria e a Anatólia, Zenão encorajou os habitantes a resistir ao ataque e a não se submeter à Pártia. Zenão era amigo e aliado do triúnviro Marco Antônio e o ajudou contra os partas em 40 a.C. Polemon foi um fiel apoiante da política de expansão romana de Marco Antônio na Ásia Menor. Recebeu de Marco Antônio pelos serviços prestados por seu pai e pelos seus próprios, o governo de parte da Cilícia, sem título real, em 39 a.C. Em 37, trocava este principado pelo Ponto, com o título de rei e cooperou com Marco Antônio na campanha contra os partos, sendo derrotado junto com Ápio Estatiano e feito prisioneiro pelo rei parto. Foi libertado em troca de um resgate. Em cerca de 36, Polemon também governava Icônio na Licaônia.
Em 35 a.C., em auxílio a Antônio negociou a aliança do rei da Média Atropatene, Artavasdes I, com a República Romana em detrimento do Reino dos Partos. O Triunvirato (Otaviano, Antônio e Lépido) deu-lhe em agradecimento o reino da Pequena Armênia (sem perder o Ponto).
Quando da guerra civil entre Otaviano ( imagem ao lado) e Antônio, Polemon auxiliou este e Cleópatra na Batalha de Áccio (31 a.C.), mas soube concluir a paz com Otaviano. Depois da morte de Antônio (30), Otaviano confirmou Polemon como rei e o reconheceu um rei cliente de Roma e o recompensou com um cetro de marfim, um manto triunfal bordado e saudou Polemon como rei, aliado e amigo. Esta distinção foi uma tradição de reconhecimento e recompensa aos aliados de Roma.
Em 16 a.C., o estadista romano Marco Vipsânio Agripa interveio na monarquia do Reino do Bósforo. Agripa descobriu que um usurpador chamado Escribônio tinha fingido ser um parente da rainha-regente Dínamis, viúva do Rei Asandro. Dínamis era neta de Mitrídates VI, rei do Ponto e do Bósforo (108-79 a.C. ) e filha de Farnaces II. Casou-se com o estratego Asandro, sucessor do seu pai de 44 a 17 a.C.Dessa sua primeira união nasceria Tibério Júlio Aspurgo (8-37), fundador da dinastia que reinaria sobre o Reino do Bósforo vassalo de Roma até ao século IV. Escribônio quis casar-se com Dínamis para poder governar o Bósforo, contudo Agripa ( imagem ao abaixo) descobriu seus planos e encarregou Polemon de submeter o Reino do Bósforo. Escribônio foi assassinado pelos habitantes do Reino do Bósforo, antes da chegada de Polemon, que se autoproclamou rei, eliminando os que se lhe opunham. Agripa confirmou-o no trono e depois o próprio Otaviano, agora Augusto, senhor único de Roma e seus domínios, também o confirmou em 26 a.C. Depois da morte de Escribônio, Polemon casou-se com Dínamis deixando Icônio para reinar no Bósforo. Dínamis morreu cerca de dois anos depois e sendo seu enteado uma criança, Polemon tornou-se o único soberano do Bósforo. O seu reino abrangia o Ponto, a Cólquida e o Reino do Bósforo.
Casou-se com Pitodoris do Ponto, neta de Marco Antônio, e com ela teve três filhos: Polemon II, que foi co-regente da sua mãe; Artaxias III Zenão, que recebeu principalmente os territórios da Pequena Armênia e sua filha Antônia Trifena casou com Cotis VIII, rei da Trácia. Não teve filhos com Dínamis.
Como rei do Bósforo estendeu seus domínios até ao rio Tanais (rio Don). A cidade de Tanais, que se rebelou para recuperar a sua independência, foi arrasada.
Em 8 a.C. empreendeu uma expedição contra os aspúrgios, uma tribo sármata do norte das montanhas de Fanagória. Polemon foi derrotado por eles, feito prisioneiro e morto. Depois da sua morte, Aspurgo sucedeu Polemon como rei do Bósforo, enquanto a sua viúva Pitodoris, governa como a única soberana da Cilícia, Ponto e Cólquida. Abaixo a região do Reino do Bósforo em 450 a.C. Apesar de ser distante do período em tela, no mapa se vê muitas das cidades bosforanas mencionas neste blog.



FONTE: Wikipédia. Versões em português e inglês.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

DARIO DO PONTO (39-37)


Dario do Ponto era filho de Fárnaces II, segundo o historiador romano Apiano. Tinha um irmão chamado Ársaces e era irmão por parte de pai de Dínamis,  rainha do Bósforo Cimeriano. Após a derrota de Farnaces II, o Reino do Ponto foi dividio: parte ficou com a província da Bitínia (província da Bitínia e do Ponto) e parte com o Reino da Galácia (Ponto Galático). E assim foi de 47 a 39 a.C.
Enquanto isso o mundo romano vivia uma segunda guerra civil após a morte de César (44 a.C.): César Otávio (o futuro imperador Augusto) e Marco Antônio (acima) enfrentavam as forças de Bruto e Cássio pelo controle da República Romana. A batalha decisiva se deu em 42 quando as forças de Otávio e Antônio triunfaram sobre as de Bruto e Cássio na Batalha de Filipos (42 a.C.). Por ter permanecido fiel a Antônio e ter contribuído para a vitória em Filipos, Dario, filho de Fárnaces II, recebeu em 39 a.C. parte do antigo território do Ponto, o Ponto Galático, onde governou como rei cliente de Roma até 37 quando morreu ou foi deposto. Seu irmão Ársaces tentou sucedê-lo, mas foi combatido por Polemon da Cária e Licomedes, sacerdote de Comana, que o sitiam na cidade de Sagylium. Com as mortes de Dario e Ársaces encerrou-se o governo da dinastia fundadora do reino do Ponto. Em seu lugar reinou Polemon I, rei cliente de Roma.

FONTES:
http://fr.wikipedia.org/wiki/Darius_du_Pont
http://en.wikipedia.org/wiki/Arsaces_of_Pontus
Encyclopaedia Britannica; Or A Dictionary of Arts, Sciences, and Miscellaneous Literature, Enlarged and Improved
The History of the Decline and Fall of the Roman EmpirePor Edward Gibbon
Disponíveis em http://books.google.com.br/

domingo, 1 de fevereiro de 2009

FARNACES II (63-47 a.C.)

Farnaces II do Ponto (97 a.C.- 47 a.C.) era filho bastardo de Mitrídates VI Eupator, a quem sucedeu no governo do Reino do Ponto e do Bósforo. Ele foi elevado como sucessor de seu pai e tratado com distinção. Contudo, sabe-se pouco da sua juventude. Graças às campanhas que levou a cabo junto com seu pai contra a República Romana conseguiu grandes conhecimentos sobre as legiões, pois o romano rebelde, Quinto Sertório, da Hispânia, aliado de seu pai, enviou um grupo de centuriões para treinar as tropas do Ponto como as legiões romanas. Quando Mitrídates VI foi vencido por Pompeu, Farnaces regia um reino próximo do reino do Bósforo. Mitrídates desejava a guerra com os romanos mais uma vez, mas Farnaces procurou ser mais pragmático e assim começou uma conspiração para retirar o seu pai do poder. Porém, os seus planos foram descobertos, mas o exército, não desejando lutar contra Pompeu ( imagem ao lado) e suas legiões, apoiou Farnaces. Eles marcharam contra Mitrídates e forçaram o seu antigo rei a tirar sua própria vida. Farnaces rapidamente enviou uma embaixada a Pompeu com ofertas de submissão e reféns, já que ele desejava assegurar a sua posição. Ele também enviou o corpo do seu pai deixando-o à disposição de Pompeu, o qual permitiu o sepultamento do Grande Rei no mausoléu real de Sinope. Pompeu prontamente aceitou a “amizade” de Farnaces, já que ele desejava estar de volta a Roma o mais rápido possível, mas assegurando-se de que tinha feito a paz na região. Pompeu concedeu a Farnaces o Reino do Bósforo e reconheceu-o como amigo e aliado de Roma. O Reino do Ponto foi anexado progressivamente por Roma. A metade ocidental foi anexada primeiro à província da Bitínia, formando a dupla província do Ponto e Bitínia. A metade oriental foi entregue ao rei gálata Dejotaros. No entanto, Farnaces seguiu seu singelo reinado examinando as lutas de poder crescentes entre os Romanos (César X Pompeu) visando recriar o reino de seu pai. Ele atacou e subjugou sem motivos a cidade de Fanagória no Bósforo ( que nas guerras de seu pai era aliada dos romanos), violando um dos seus acordos com Pompeu. Em 49 a.C., Farnaces aproveita a guerra civil entre os romanos e decide agarrar a oportunidade de se fazer soberano de Cólquis e da Armênia Menor na Galácia. Dejotaro, o rei da Galácia, apelou para Domício Calvino, o tenente de Júlio César ( imagem ao lado) na Ásia, para ajudá-lo, e logo as forças romanas enfrentam Farnaces. Eles encontraram-se em Nicópolis na Anatólia; Farnaces enfrenta rapidamente as forças romanas provinciais, obtendo a vitória. Confiado nisto, invade o resto dos territórios do antigo reino de seu pai e parte da Capadócia. Depois desta demonstração de força contra os romanos, Farnaces recuou para suprimir revoltas nas suas novas conquistas. Após a derrota das forças egípcias anti-Roma na Batalha do Nilo (47 a.C.), César deixou o Egito e viajou pela Síria, Cilícia e Capadócia para combater Farnaces que supostamente havia cometido várias atrocidades contra cidadãos romanos.
Abaixo, o itinerário de César ao Egito e do Egito ao Ponto.

Ele reuniu as suas tropas entre as guarnições das províncias asiáticas que Roma detinha. No início, reconhecendo a ameaça, Farnaces fez ofertas de submissão com o único objetivo de ganhar tempo até que a atenção de César caísse em outro lugar; mas a velocidade de César trouxe a guerra rapidamente. César reuniu homens da VI Legião, XXII Legião, Legião Pontines, XXXVI Legião formando cerca de 1.000 homens e um pequeno contingente de cavalaria. Farnaces possuía cerca de 20 000 guerreiros e a batalha realizou-se perto de Zela (atual Zile na Turquia), onde Farnaces foi derrotado e só conseguiu escapar por causa de um descuido da cavalaria romana. A campanha de Júlio César de cinco dias contra Farnaces foi tão rápida e completa que ele a comemorou com a agora famosa frase latina escrita a Amâncio em Roma: Veni, vidi, vici ("Vim, vi, venci"). Abaixo, o reino de Farnaces II na época da batalha de Zela.

Farnaces fugiu rapidamente para o Bósforo, onde ele conseguiu reunir uma pequena força de Citas e Sármatas, com a qual ele foi capaz de ganhar o controle de algumas cidades. Contudo, Asandro , genro de Farnaces casado com sua filha Dínamis e um antigo governador do Bósforo, traiu-o e atacou as suas forças e matou-o. O Ponto foi mais uma vez dividido entre a Bitínia e a Galácia. O historiador Apiano afirma que Farnaces morreu em batalha; Dio Cássio diz que ele foi capturado e logo morto. Farnaces tinha aproximadamente cinqüenta anos quando morreu, e tinha reinado durante quase dezesseis anos. Ele teve vários filhos, um dos quais, Dario do Ponto, que foi feito o rei-cliente de Roma durante um tempo curto (39-37 a.C.) por Marco Antonio, triúnviro romano. A filha de Farnaces, Dínamis, primeiro casou-se com o general Asandro que o traiu, e de quem ela teve um filho Tibério Júlio Aspurgo. O destino da casa real do Ponto ficou ligado ao Bósforo. Posteriromente, Dínamis casou-se com o Rei Polemon I do Ponto. Sua outra filha, Fanizan, deu nome a uma cidade que hoje é a cidade de Fatsa na Turquia.
A luta de Farnaces foi a última tentativa de erguimento de um reino do Ponto forte e independente de Roma.

FONTE: Wikipédia. Versões em portugês, espanhol e inglês.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

MITRÍDATES VI EUPÁTOR - PARTE II

Ao finalizar a Primeira Guerra Mitridática, Sila deixou Mitrídates (imagem ao lado) no controle de seu reino, apesar de haver sido derrotado. O cônsul Lúcio Licínio Murena assume a província da Ásia ao comando de duas legiões que faziam parte do contingente dirigido por Caio Fímbria. Murena, que tinha a incumbência de executar as cláusulas do tratado de paz entre Roma e o Ponto, acusou Mitrídates de estar rearmando seus exércitos e invadiu o Ponto em 83 iniciando a Segunda Guerra Mitridática. Quando foi derrotado por Mitrídates em 81 a.C., Murena desistiu de continuar as hostilidades contra o Rei do Ponto seguindo a orientação de Sila. Era um período de grande desordem na República Romana onde várias guerras civis eclodiam em seus territórios. Mitrídates aproveitou então a oportunidade que surgiu para seu soerguimento e revanche contra Roma. Em 74 a.C., morre Nicomedes IV, rei da Bitínia, e lega seu reino à República Romana que faz da Bitínia uma província. Fortalecido por sua aliança com o rebelde Sertório da Hispânia, que desafiava à República na Península Ibérica, e por sua cumplicidade com os piratas do Mediterrâneo, Mitrídates quebra seu trato com Sila e anexa a Bitínia ao seu reino: inicia-se a Terceira Guerra Mitridática contra Roma.
Ilustração das vitoriosas legiões romanas
O Senado incumbe a Lúcio Licínio Lúculo a missão de lutar contra Mitrídates, a quem já havia enfrentado na Primeira Guerra Mitridática. Lúculo estava na região sul da Cilícia e imediatamente foi confrontar o exército pôntico. M. Aurélio Cota por terra e Nudo por mar combatem Mitrídates e são derrotados refugiando-se em Calcedônia onde são sitiados pelos pônticos. Ao chegar ao seu destino em novembro de 73, Lúculo reúne diversas legiões que estiveram combatendo na Ásia Menor. Em vez de ir direto ao Ponto, que estava desguarnecido, Lúculo prefere ajudar seus colegas. Mitrídates com cerca de 300.000 homens tenta ocupar a estratégica cidade de Cizico na Mísia e coloca suas tropas ao pé da montanha de Adrastéia, ao lado oposto da cidade, enquanto seus navios bloqueiam o mar e as pontes que separavam a cidade da terra. No entanto, as poderosas muralhas e a abundância de provisões da cidade fazem fracassar seu intento. Lúculo ( imagem ao lado) bloqueia as vias de provisão de Mitrídates, que por fim acaba retirando suas forças. A lealdade da cidade à Roma foi recompensada por uma expansão de seus territórios e com outros privilégios. Ele levantou uma frota entre as cidades gregas da Ásia, com a qual ele derrotou a frota do inimigo em Ilium e em Lemnos. Após isto, Lúculo volta-se para os combates em terra tendo em vista penetar no Ponto; mas tem o cuidado de não ter um confronto direto com Mitrídates devido à cavalaria superior deste. Depois de várias pequenas batalhas, Lúculo finalmente derrotou-o na Batalha de Cabira (onde Mitrídates tinha um palácio) em 72 a.C. onde desmoralizou o exército pôntico e os derrotou com poucas perdas romanas. Lúculo toma toda a Bitínia a exceção de Nicomédia onde Mitrídates se refugia. Lúculo destrói em dois combates uma esquadra que ele mandara para a Itália. No ultimo desses combates, M. Mário, mandado por Sertório para ajudar ao rei do Ponto, foi preso e morto em meio a suplícios como traidor da pátria. Assim foram destruídos os planos que havia Mitrídates baseado na coincidência de suas operações com as de Sertório na Hispânia e de Espártaco na Itália. Desde então, contentou-se em defender seu reino. Teria sido aprisionado em Nicomédia, sem a negligência de Vocônio Saxa, cuja esquadra bloqueava esse porto. Fugiu por mar, porém sofreu uma furiosa tempestade, e só pode escapar em um frágil esquife. Vendo seus estados invadidos pelos Romanos, pede socorro dos reis dos Partos e da Armênia. Este último o respondeu, mas tardou em cumprir sua promessa. Enquanto isso Mitrídates ( imagem ao lado) tenta deter em vão seu avanço: o General romano sitia as cidades de Amiso e Eupatória e avança até Termodonte. O rei fugitivo reune no inverno um novo exército de 44.000 homens, entre os povos nômades da Ásia, e com ele passou o rio Lico. No principio da seguinte campanha, em um encontro de cavalaria, obteve ele fraca vantagem, mas dois combates dados na Capadócia em que foram vencedores os Romanos, levaram consternação aos soldados de Mitrídates, que resolveu abandonar seu exército. Na sua fuga desesperada, os soldados se rebelam e seu general Dorilau acaba morto; Mitrídates se salvou devido à dedicação de um de seus criados, que lhe deu seu cavalo. Perseguido pelos Romanos, só escapa, deixando atrás de si uma mula carregada de ouro que entretém os ávidos perseguidores. Mitrídates foi forçado a retirar-se para seu genro, Tigranes ( imagem abaixo), o rei da Armênia, de onde pede as suas irmãs e esposas que se suicidem para não cair nas mãos de Roma.
Sua irmã Monima não conseguindo se enforcar pede a um oficial que a mate. Lúculo e seus auxiliares Cota e Triário completam a conquista do Ponto: Eupatória e Heracléia são destruídas; Amiso, incendiada, apesar da hábil defesa do estratego Calínico; Sinope e Amasa são tomadas.Macares, filho de Mitrídates que reinava no Bósforo, envia embaixadores a Lúculo que firma com ele aliança com Roma (70 a.C). Nessa época a Armênia tinha um grande império no Oriente. Lúculo enviou Ápio Cláudio a Antioquia para exigir que Tigranes entregasse seu sogro; se ele se recusasse, a Armênia enfrentaria a guerra com Roma. Tigranes recusou as exigências de Ápio Cláudio, afirmando que ele se prepararia para a guerra contra a República. O General romano prepara-se imediatamente para uma invasão da Armênia. Embora ele não tivesse nenhum mandato legal do Senado que autorizasse tal movimento, ele tentou justificar a sua invasão distinguindo como o seu inimigo a Tigranes e não os seus súditos. Ele marchou com as suas tropas através da Capadócia e o rio Eufrates e penetrou na província armênia de Tsopk, onde ficava Tigranakert, mais conhecida como Tigranocerta, a capital do Reino. Abaixo, extensão do império armênio sob Tigranes, o Grande entre 95 e 66 a.C.

Tigranes, surpreendeu-se pela velocidade do avanço de Lúculo na Armênia e por ele ter tomado a iniciativa do ataque. Despreparado, com atraso ordena ao general armênio Mitrobarzanes com cerca de 2.000 para 3.000 homens para diminuir o avanço de Lúculo, mas as suas forças foram derrotadas pela cavalaria 1.600 homens conduzida por um dos legados de Lúculo, Sextílio. Tendo em vista a derrota de Mitrobarzanes, Tigranes confiou a defesa da cidade a Mancaeus e partiu para recrutar homens nas Montanhas Tauros. Enquanto isso, Lúculo investe pondo cerco à Tigranocerta. Após ter destruído as catrafactas (cavalaria armada) armênias, o exército de Tigranes, composto principalmente de camponeses vindos de vários lugares do império, se debanda. Os guardas não armênios da cidade traem Tigranes abrindo as portas da cidade aos romanos. O Rei envia 6.000 ginetes para resgatar tesouros e mulheres. No ano seguinte (68), as forças combinadas do Ponto e da Armênia voltam a enfrentar os romanos em Artaxata. Devido às severas baixas que sofreram os romanos e às duras condições a que estavam submetidos os legionários durante essas campanhas, Lúculo teve que enfrentar o descontentamento das tropas e três motins em 68 e 67 a.C. Frustrado pela indisciplina de suas tropas e a dificuldade do terreno do norte de Armênia, se retirou ao sul e saqueou Nisibis, defendida pelo irmão de Tigranes. As ações de Lúculo não traziam resultados definitivos à guerra e Mitrídates VI Eupátor, o grande inimigo de Roma, continuava livre. Ele retornara ao Ponto com 8.000 homens. Embora com cerca de 70 anos de idade, o rei do Ponto recobra seu vigor e coragem contra seus inimigos e tenta retomar seu reino. Abaixo, disposoção da batalha de Tigranocerta.

Sendo tal a situação, o Senado resolve substituir Lúculo, o qual já estava a vinte anos resolvendo problemas na Ásia. Indicado pelo senador Manílio e apoiado por Júlio César e Marco Túlio Cícero, o substituto é Cneu Pompeu que já era o grande general de Roma na ocasião tendo resolvido muitas querelas militares no Ocidente e eliminado os piratas do Mediterrâneo. Pompeu ( imagem ao lado) traz suas próprias legiões de veteranos e penetra na Armênia derrotando a débil resistência que o enfrentou. Após ter seus exércitos remanescentes derrotados no Eufrates e em Nicópolis, Mitrídates foge para Dioscurias na Cólquida, onde invernou (66-65 a. C.). Pompeu submete os albanos do Cáucaso e o reino da Ibéria caucasiana (Kartli) e penetra na Cólquida. Mitrídates escapou mais uma vez e se refugiou no Bósforo onde seu filhos eram regentes. Pompeu organizou as conquistas, privou ao reino do Ponto das cidades de tipo grego, a exceção de algumas vilas da costa, e as subdividiu em 11 distritos. A partir de 64 a. C., Mitrídates reorganizou seu exército no Bósforo. Seu plano era como o de Aníbal, o general cartaginês inimigo de Roma: lançar os bárbaros contra os romanos. Já havia feito pactos com algumas tribos germanas e sármatas do Danúbio para uma grande ofensiva contra a Itália. Pretendia dar guerra aos romanos em suas terras: planejava atravessar a Trácia, a Macedônia e a Panônia e invadir à Itália pelo norte. No entanto, em 63 a. C., seu filho Farnaces se sublevou começando uma conspiração para retirar o seu pai do poder.
Entretanto, os seus planos foram descobertos, mas o exército, não desejando enfrentar Pompeu e os exércitos romanos, apoiou Farnaces. Eles marcharam contra Mitrídates e forçaram o seu antigo rei a tirar a própria vida. Deve ser lembrada Hypsicratea, a qual era a concubina ou a sexta e mais famosa esposa do Rei Mitrídates. Ela amou tanto seu marido que ela vestiu um disfarce masculino, adquiriu habilidades de guerreiro e o seguiu no exílio. Quando ele foi derrotado e posto em fuga, onde quer que ele buscasse o refúgio, até na solidão mais remota, ela considerou que onde quer que seu marido estivesse, lá ela encontraria a sua monarquia, as suas riquezas, e o seu país, o que foi conforto e consolo a Mitrídates em muitos infortúnios seus. Se dizia que ela o assistia em todos os trabalhos, inclusive os da guerra. Ela montou com ele na batalha, suprimiu rebeliões e lutou contra Roma. Dela se diz ter lutado com machado, lança, espada, arco e flecha.Durante a derrota do Rei Mitrídates por Pompeu, Hypsicratea libertou-se do bloqueio de Pompeu e enquanto o resto dos “súditos” se dispersava ela foi um dos três que permaneceu ao lado do Rei até seus momentos finais. Conforme a lenda, após ser derrotado por Pompeu, Mitrídates tentou o suicídio por envenenamento, sem efeito devido a sua imunidade. Teria, então, forçado um de seus guardas a matá-lo à espada (ilustração acima) no seu palácio em Panticapeo( abaixo). Pelo comando de Pompeu, o corpo de Mitrídates foi depois transladado de Panticapeo e enterrado ao lado dos seus antepassados em Sinope. Chegava ao fim assim, um dos maiores inimigos de Roma. Mitrídates ganhou destaque na literatura romana antiga que de um modo geral o via como um grande inimigo, cruel e sanguinário, mas que reconhecia suas qualidades bélicas. Mitrídates arrogava-se herdeiro de Alexandre, o Grande, e defensor da civilização grega contra os “bárbaros” romanos. É lhe atribuída uma prodigiosa memória lhe permitia falar vinte e cinco línguas, de modo que podia comunicar-se com cada soldado de seus grandes exércitos no seu próprio idioma. Devido a esta lenda, certos livros que contêm excertos de muitas línguas chamam-se “Mitrídates”. Sua vida inspirou a arte: o poema Terence, This Is Stupid Stuff de A. E. Housman e o romance O Conde de Monte Cristo de Alexandre Dumas fazem alusão à Mitrídates. O dramaturgo francês Jean Racine dedicou-lhe uma peça, Mithridates (1673), e Mozart compôs uma ópera tendo o célebre rei do Ponto como tema: Mitridate, re di Ponto (1770). Mitrídates é o grande personagem em The Golden Slave (1960) de Poul Anderson e o protagonista de The Last King: Rome's Greatest Enemy ( 2005) de Michael Curtis Ford.

FONTE: Wikipédia. Versões em inglês, português, espanhol e galego.

Compêndio de História Romana por Charles Du Rozoir, E. Dumont disponível em http://books.google.com.br/